Saí tarde do apartamento de Maria Vitória. Precisava descansar. Conversar com ela tinha sido bom — mais do que eu esperava, talvez até mais do que merecia. Deixei-a sozinha. Ela precisava de descanso. Eu também. Era necessário manter minha palavra. Não queria causar mais danos a Heitor — nem a ela.
Cheguei ao meu apartamento, tirando a blusa de mangas molhadas. Pensava nela: era admirável o quanto era intensa… e corajosa. Tomei um banho quente, preparei uma sopa simples. Mas, ao entrar no quarto, parei. Um volume sob as cobertas me fez congelar.
Olhei fixamente para a cama, tentando entender o que via.
— Quem está aí? — perguntei, com a voz baixa, contida. Apesar do susto, me mantive calmo. A porta não estava aberta quando saí. Como…?
Sem resposta, me aproximei. Puxei o edredom com cuidado.
A mulher, meio sonolenta, resmungou algo e se virou, incomodada com o frio.
— Maria Clara? — perguntei, surpreso.
Ela não respondeu. Dormia. Ali. Na minha cama.
Suspirei fundo, exausto. — Maria Cla