Alexandre Xavier
Os dias simplesmente passavam.

Decidi não corresponder. Não provocar. Não bagunçar ainda mais a vida de Maria Vitória. O que eu sentia... ficava guardado. Trancado em mim. Os meus desejos, os meus anseios, permaneciam no escuro, onde, supostamente, ninguém os alcançava.

Mas era impossível ignorá-la.

O sorriso dela era um convite silencioso. Um ímã. E por mais que eu virasse o rosto, meus olhos sempre voltavam. Como se pertencessem a ela. E o mais inquietante era perceber que ela também olhava. Às vezes de longe, no corredor, ou mesmo na área de alimentação, entre bandejas e vozes abafadas… os nossos olhares se encontravam.

Mesmo que por segundos.

Eu sabia que não era certo. Que não podia. E mesmo assim, o desejo por aqueles olhos — castanhos, curiosos, intensos — e por aqueles lábios só crescia. A cada dia. A cada mínima interação.

No sábado, cheguei cedo ao hospital. Mais um dia comum, pensei. Mas havia algo no ar. As conversas nos corredores carregavam um certo tom de despedida. Ouvi
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