O domingo não foi diferente. Ir para o trabalho era a minha salvação. Alguns funcionários do plantão ainda comentavam sobre a festa apocalíptica de Heitor. Eu me mantive à parte, trabalhei o dia inteiro. Quando a noite chegou, o celular tocando dentro da gaveta me tirou do transe dos papéis.
Imaginei que fosse Clara. Talvez pedindo para conversar. Pedindo desculpas. Ou cobrando explicações.
Mas o número desconhecido na tela me fez hesitar por alguns instantes. Não era da cidade. Não importava quem fosse, não naquele momento.
Tentei voltar ao trabalho, mas a ideia de ser Maria Vitória me fez pegar o celular de novo. Ela me ligaria se precisasse? Teria algo dado errado com os medicamentos?
Retornei a chamada, torcendo, secretamente, para que minha insanidade fosse verdade. Mas não era. Era apenas um contato aleatório, confirmando uma apresentação em uma faculdade federal, a aula magna, eles havia gostado da minha palestra de encerramento, o auditório ficou lotado.
Achei estranho o dia e