Faz dias que estou trancada neste quartinho, e já perdi completamente a noção do tempo. O chão frio e duro é o único lugar para deitar, e a colcha suja não traz nenhum conforto. Dormir tem sido difícil com o peso da barriga e as dores que não me dão trégua. Meu corpo está exausto, e a fome só piora tudo. Quase sempre, meu único alimento são bolachas secas. Às vezes, como se fosse um favor, trazem uma refeição quente, mas é tão raro que nem me atrevo a ter esperança.
Minha irmã... só a vi uma vez desde que chegamos. Ela está em um quarto melhor, com médico e cuidados, e isso me dá um pouco de alívio, mas também dói pensar que estamos separadas. Não sei por que me tratam assim, por que só eu estou jogada aqui, como se minha gravidez não importasse. A mulher que entra para deixar a comida nunca fala nada, apenas me olha com uma expressão de pena, como se já soubesse que não há salvação para mim.
Meu bebê se mexe às vezes, e cada movimento me lembra que preciso ser forte, mas é difícil ma