Capítulo 4 - Chloe Brooks

Depois de dançar para o cliente da noite, considero meu trabalho concluído. Embora alguns tentem ultrapassar os limites, estou ali apenas para dançar, e meu segurança permanece dentro da sala para garantir minha segurança e intervir se necessário.

O trabalho aqui tem me feito muito bem. Além do dinheiro que consigo, que não é pouco, posso pagar todas as contas e ainda dar uma boa alimentação para a Elena. Mesmo não dançando todos os dias.

Entro em casa, e logo sigo para ver como está minha irmã. Adentro em seu quarto e noto que está dormindo, fecho a porta com cuidado e vou para o meu banho. Amanhã irei cedo para a cafeteria, preciso estar descansada.

Já se passaram alguns meses, desde que minha mãe faleceu. E eu venho fazendo conforme prometi a ela, cuidando muito bem da Ele. Confesso que, às vezes, a saudade se torna imensa, mas, só resta-me as boas lembranças, que são muitas.

Coloco meu pijama e deito em minha cama. Dentro de minutos já estou adormecida. Acordo assustada, com meu despertador gritando, bato a mão nele que desliga na hora. Queria dormir só mais dez minutinhos, mas é impossível. O dever me chama!

Levanto-me da cama, faço minha higiene e coloco o uniforme do trabalho. Quando chego na cozinha, vejo a mesa já arrumada, com o café da manhã.

— Bom dia, minha irmãzinha! Já disse que não precisa acordar cedo para preparar o café.

— Você trabalha demais mana. O mínimo que posso fazer por você, é isso.

— Vem aqui, minha princesinha. ― A puxo para meus braços, e dou-lhe um beijo em sua bochecha. ― Você é a melhor irmã que eu poderia ter, sabia, meu amorzinho?

— Você também é a melhor, mana! Eu que tenho sorte, por te ter em minha vida. Sem você eu não seria nada.

Dou um abraço apertado nela, e sentamos para tomar nosso café.

— Qualquer coisa que precisar, pode me ligar, ou chamar as meninas lá no bar.

— Pode ir tranquila. Hoje ficarei lendo um livro, que peguei na biblioteca da escola.

— Então mais tarde eu te ligo, para saber se está tudo bem.

Dou um beijo nela e saio.

O dia passa depressa. Quando olho no relógio, já é hora de ir embora. Cafeteria lotada é sempre bom. Me despeço de todos e tomo o caminho para casa, que é bem próximo.

Me preparo para o segundo turno, que é de quinta a domingo. Esses períodos são sempre uma correria, pois são os dias que trabalho na boate. Tem alguns dias da semana, que sou contratada por algum ricaço para um show particular de dança. Não rejeito, pois o dinheiro é bom e faço o que amo.

Meu aniversário de 18 anos está próximo. Estou me organizando para passar esse dia somente eu e a Ele. Não posso viajar de avião, e muito menos ir em determinados lugares. Ainda evito sair publicamente, devido a ter fugido da Rússia, então o que mais fazemos é nos esconder, assim não corremos o risco de ninguém nos achar.

Desço para a boate pela parte de dentro. Entro no camarim e escolho a cor do vestido de hoje: vermelho. Faço minha maquiagem e me troco. As meninas sempre me ajudam, são maravilhosas e possuem muita prática em maquiagens. Diferente de mim, que mal sei o básico.  

Quando chega o meu momento, subo ao palco. A barra do pole dance já está fixada. Faço um pequeno teste nela, antes de iniciar. Passo magnésio nas mãos e pernas, para evitar escorregar, viro de costas e dou início ao espetáculo.

Os homens vão a loucura com os movimentos sexys e sensuais. Minha flexibilidade é ótima, devido ao balé, então sempre faço os meus contorcionismos, e isso os deixam vidrados na dança. Finalizo a apresentação, caindo no chão de uma vez, fazendo o movimento de espacate, também conhecido como abertura de pernas.

Escolho um homem da plateia para fazer-lhe uma dança sensual solo, o que rende para a boate um pouco mais de dinheiro. Quando ofereci a ideia, o senhor Júlio não queria aceitar de imediato, porém, as meninas deram a sugestão do segurança na sala, o que facilitou bastante e ele concordou. 

Mais um dia concluído. Subo para o meu apartamento, que fica convenientemente em cima da boate. Hoje, Elena está acordada e podemos relaxar juntas. Depois de um banho, assistimos a um filme, o que se tornou uma rotina agradável em nossos dias.

Até que tudo muda, de forma inesperada!! De uma semana para a outra, as más notícias vem, sem ao menos estarmos prontas. 

Estou trabalhando na cafeteria, quando de repente, meu celular vibra. Olho na tela e vejo o número do senhor Júlio. Atendo imediatamente, pois já imagino ser sobre minha irmã. Meu coração já fica apertado.

— Senhor Júlio, aconteceu algo com a Ele?

— Oi menina! Sim. Ela começou com uma dor abdominal muito forte, então a trouxe para o hospital.

— Já estou a caminho! — Desligo o telefone e vou até dona Vera, já com lágrimas nos olhos — Minha irmã foi levada para o hospital, preciso ir vê-la.

— Pode ir, querida! Fica tranquila com o trabalho e me envia notícias.

Nem me despeço e saio correndo, com o coração acelerado. Pego um táxi e vou direto para o hospital, que felizmente fica perto. Ao chegar, corro até a recepcionista, que me indica onde minha irmã está. Quando entro na sala, encontro Elena se contorcendo de dor, chorando muito e com uma sudorese intensa. Meu coração aperta ao vê-la assim.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Se fosse possível, eu assumiria toda a sua dor. É insuportável ver você sofrendo assim e não poder fazer nada para aliviar.

Nesse momento, a enfermeira chega e adiciona um líquido transparente ao soro de Elena, provavelmente para aliviar a dor. Ela menciona que o médico virá falar comigo em breve.

— Boa tarde, Chloe. Tudo bem? — cumprimenta o Dr. Jullian, e sinto alívio por ser ele, um médico que conheço.

— Ah, doutor, que bom que é o senhor. O que está acontecendo com a minha irmã? — pergunto, ansiosa.

— É necessário fazer mais alguns exames para confirmar o diagnóstico com precisão. Os exames laboratoriais realizados até agora mostraram resultados fora do padrão, então uma ressonância magnética é essencial. Para realizar esse exame, preciso da assinatura do responsável para autorizar o procedimento.

— Eu posso assinar. Ainda tenho dezessete anos, mas sou a única responsável.

— Eu sou o responsável pelas duas, Doutor! Tenho uma autorização da mãe, pode trazer os documentos, que assino.

Olho espantada para o senhor Júlio, pois não sabia de nada disso. Então ele me conta:

— Sua mãe sabia que estava morrendo e me contou. O desespero dela, era quem iria cuidaria de vocês duas. Então eu e minha esposa aceitamos. Não poderíamos deixá-las desamparadas, principalmente por conhecê-las e saber que são meninas maravilhosas.

Saber aquilo me emocionou. Achei que nunca teria mais ninguém, mas não, o senhor Júlio e a esposa Nora, se dispuseram a nos dar proteção. 

Ele assina o documento e logo a Ele é levada para os exames. Permanecemos no quarto, aguardando-a. Aproximadamente, uma hora depois ela retorna com o médico.

— Só aguardar os resultados ficarem prontos.

— E quando será isso, doutor?

— Pedi com urgência. Creio que dentro de meia hora, no máximo.

E ali fiquei, sentada na cama, ao lado da única família que eu tinha, acariciando os cabelos da minha pequena Ele. Até que o médico entra com uma expressão séria, trazendo a pior notícia e mais devastadora que eu poderia ouvir. Que me deixou sem reação.

Fiquei sem chão!!

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