Capítulo 6
Mariana
Henrique estava junto a um grupo de pessoas, mas não parecia fazer parte da multidão. A luz o atingia de um modo difícil de explicar, revelando traços de silêncio e distância. Mariana quase voltou para o salão. Quase se virou e fingiu que aquela figura enigmática não estava ali, misturada ao barulho da noite. Mas não voltou.
Seus olhos se encontraram. E, pela primeira vez desde que o conhecera, Henrique sorriu.
— Surpresa em te ver aqui — ele disse, aproximando-se com um copo de whisky nas mãos. A voz dele parecia menos cortante, mais arrastada pelo som da música e pela penumbra do ambiente.
— A surpresa é minha. Achei que você só existia dentro de bibliotecas.
Henrique soltou uma risada breve. Mariana notou que, mesmo no caos da boate, ele mantinha a aura de controle. O terno escuro, agora com os botões abertos, dava a ele um ar quase perigoso, como um personagem deslocado de um romance noir, entre luzes neon e olhares dispersos.
— Todo mundo tem seu momento de fug