Capítulo 41
Luna
Eu não dormia direito, mesmo com Dante ao meu lado. Mesmo com a arma que agora repousava na gaveta da cômoda, ao alcance da minha mão. Tinha me tornado alguém que dorme armada. Que toma banho de porta entreaberta. Que calcula a distância até a saída.
E mesmo assim… eu fiquei.
As feridas invisíveis ardiam mais do que qualquer arranhão. Não tinha ficado hematoma, não tinha ficado corte, mas o que ficou era mais fundo. Uma cicatriz nova que não dava pra ver no espelho — mas que pulsava toda vez que eu fechava os olhos.
Dante respeitou meu silêncio. Me deixou respirar. Me deu espaço. Ele vinha, olhava, e às vezes só sentava perto. Ficava comigo sem precisar dizer nada. O tipo de companhia que não pesa, que não exige. E isso, pra mim, era mais do que qualquer palavra.
Na manhã do terceiro dia, acordei com o cheiro de café invadindo o quarto. Estava sozinha na cama, mas o lençol ainda guardava o calor do corpo dele. Espreguicei os braços devagar, como se meu corpo ainda tes