Capítulo 31
Luna
A pasta com os arquivos de Félix estava aberta à minha frente, e ao meu lado, Dante, ainda com a camisa aberta nos punhos, observava a mesma linha de documentos com uma intensidade muda. Um silêncio incômodo nos envolvia.
— Olha isso — murmurei, puxando uma folha amarelada. — Aqui tem um contrato assinado por Félix. Ele prestava consultoria de segurança para uma empresa de fachada que pertencia ao pai de Marcelo. Só que... — franzi o cenho — essas datas não batem. Meu pai sumiu antes disso.
Dante pegou o papel, analisando cada linha como se fosse um mapa.
— Talvez não tenha sido um desaparecimento. Talvez tenha sido fuga.
Engoli em seco.
— Você acha que ele fugiu por medo?
— Ou por culpa. Se ele soube demais, se envolveu demais... e depois quis sair... Rivas não perdoa esse tipo de deserção.
Meu estômago revirou. A ideia de que meu pai, um homem de quem eu mal tinha lembranças, podia ter sido parte do início de tudo... era como se as raízes da guerra tivessem passado