Capítulo 32
Luna
A estrada de terra parecia interminável. Cada buraco no caminho sacudia o carro como se quisesse nos alertar: vocês não deviam estar aqui. Mas já era tarde demais. A essa altura, o silêncio entre mim e Dante não era desconfortável, era foco. Era tensão comprimida entre batimentos acelerados.
O envelope que eu segurava no colo ainda parecia queimar meus dedos. Dentro, fotos antigas, registros de propriedades, nomes vinculados a cartéis e, o mais surpreendente, uma certidão de nascimento com o nome “Félix Santiago”. Meu avô. Um nome que eu mal ouvira enquanto crescia. Mas agora ele voltava como um espectro puxando nossos passos para o passado.
— Estamos chegando — Dante murmurou, diminuindo a velocidade quando uma entrada encoberta por árvores surgiu à frente.
Um portão enferrujado se abriu lentamente com o comando de um dos homens de escolta. A fazenda era grande, decadente, com telhas quebradas e janelas lacradas por dentro. Mas havia algo vivo ali. Algo pulsando sob