NARRAÇÃO DE SARA
O frio daquela noite não se comparava ao que senti dentro daquela mansão. Ainda posso ouvir o eco do meu próprio grito, como se as paredes sussurrassem aquilo que vi – ou pensei ter visto – naquele quarto amaldiçoado. Meu corpo tremia a ponto de doer e, quando bati contra o peito de Brady no corredor, por um instante, acreditei que estava sonhando.
Os olhos dele me prenderam. Não havia raiva explícita, mas sim algo contido, um misto de fúria e preocupação. Senti-me pequena, frágil, quase culpada por ter invadido um espaço que não me pertencia, mesmo tendo seguido as ordens do Consigliere. O jeito como ele me olhou fez o medo arder ainda mais.
E, no entanto... quando me ofereceu carona, fiquei surpresa. Eu estava assustada, ansiava apenas pelo meu lar, e mesmo assim aceitei.
Por quê? Por que aceitei se meu coração ainda martelava de pavor?
No carro, o silêncio era sufocante. Eu tentava evitar olhar para ele, mas não conseguia. Brady não parecia apenas o patrão carrancu