POV Caius Varella
O vento cortava o rosto, trazendo o cheiro de sal, ferrugem e fumaça. O céu ameaçava desabar numa tempestade cinza, pesada como o silêncio entre nós.
Eu estava ali, no limite entre dois mundos — o que eu conhecia e o que sempre temeram me mostrar. Frente a frente com o homem que me deu sangue, mas não me deu infância.
Vincenzo Mancini.
Ele apareceu como um predador na penumbra dos containers, vestido de escuridão, uma figura imponente, quase assustadora.
Seus olhos frios me atravessaram, sem misericórdia, como se decidissem ali se eu era digno ou apenas um erro que ele teria que consertar — ou eliminar.
— Caius. — a voz dele era um rosnado baixo, mais ameaça do que saudação. — Filho.
Meus punhos cerraram, as juntas brancas. O peso da pistola era real na minha mão, mas o peso do passado era esmagador no peito.
— Eu te procurei — disse ele, sem emoção, como se isso fosse um fato e não um pedido. — Assim que soube que existia.
Olhei pra ele e vi não só um homem de pode