Selene Castiel
Tranquei a porta da sala com a mão tremendo.
As costas encostadas na madeira.
O ar, preso na garganta.
O celular… pesando como chumbo no bolso do blazer.
"Eu te amo, caralho."
As palavras dele ainda ecoavam como granada atrasada.
Fechei os olhos.
Respirei fundo.
Mas era inútil.
Tudo doía.
O olhar dele.
O tom.
A verdade crua.
A porra do “eu te amo” que ele soltou…
Justo hoje.
Justo agora.
Justo quando tudo em mim tá desabando.
Andei até a mesa. Cada passo era mais pesado que o outro.
Como se o universo inteiro tivesse sentado nos meus ombros.
Ou... dentro de mim.
Sentei.
Peguei o celular.
A notificação ainda ali.
“Resultado de exame disponível. Clique para visualizar.”
Engoli seco.
O dedo pairando sobre a tela.
A alma… gritando.
Porque se eu clicar…
É real.
É isso.
Sem volta.
O rosto dele veio na mente.
A voz.
“Eu te amo.”
Filho da puta.
E agora?
Agora que eu tô me despedaçando por dentro...
Agora que o caos tomou conta do meu corpo...
Agora ele diz?