Selene Castiel
O som da porta do banheiro fechando pareceu o estalo de uma sentença.
A luz fria refletia no espelho, e eu me vi ali — despida de toda armadura. Só eu. Só pele. Só medo.
Abri a embalagem com as mãos trêmulas. O plástico rasgou como se cortasse minha alma junto.
Tirei o teste.
Branco. Inofensivo.
Mentiroso.
Porque ele carregava mais do que duas linhas. Ele carregava o poder de reescrever minha história inteira.
Sentei no chão frio. O joelho encostado no peito. A testa apoiada no azulejo. Respirei fundo.
Uma.
Duas.
Três vezes.
Nada diminuía a pressão no peito.
Fiz.
Coloquei o teste virado pra baixo no chão, como se esconder a resposta fosse impedir que ela existisse.
Programei o cronômetro no celular: 3 minutos.
E ali fiquei.
Esperando.
O tempo mais longo da minha vida.
O silêncio era um grito preso.
O mundo parecia suspenso.
Meu corpo inteiro tremia como se soubesse... como se já soubesse.
O celular vibrou.
Respirei.
Mas não mexi.
Porque saber... significava enfr