Caius Varella
O portão da mansão abriu devagar, arrastando aquele som metálico que mais parecia um alerta. Do tipo que te avisa: "Tá preparado pra encarar o que te espera aí dentro?"
Mas, pra ser honesto? Nem se eu quisesse, eu tava.
Suspirei pesado, passando a mão no rosto, apertando o volante como se isso fosse espremer junto o cansaço, o medo, a raiva, a frustração e... ela.
Selene.
O carro deslizou pela garagem até parar no mesmo lugar de sempre. Só que tudo... parecia menos familiar. Mais frio. Mais estranho. Mais vazio.
Desliguei.
Respirei fundo.
Fechei os olhos por dois segundos.
"Se prepara, Caius. Porque, se você achou que o mundo te bateu hoje... essa casa vai terminar o serviço."
Abri a porta. O ar me bateu no rosto, cortante, quase cruel. Peguei a pasta, fechei o carro e segui pra dentro.
A porta estava aberta.
Claro que estava.
Porque, lá dentro... tinha gente.
Gente que não era ela.
O cheiro bateu antes de qualquer coisa. Não era o perfume da Selene. Nem aquele cheiro de