Quando a Alma Silencia
O quarto onde Mari repousava era silencioso, ventilado, e rodeado por paredes em tom areia claro, com pequenas flores bordadas nos lençóis. Ela permanecia imóvel sobre a cama, os braços soltos ao lado do corpo, os olhos fechados, as pálpebras levemente trêmulas como se sonhasse... ou fugisse da realidade.A doutora Lori estava sentada em uma poltrona discreta ao lado da cama, observando os sinais mínimos. O doutor Michael, de pé ao lado da janela, mantinha os olhos atentos ao prontuário recém-aberto.— Ela não apresenta nenhum indicativo clínico de coma físico. Todos os exames estão normais. — disse ele, virando-se para Lori. — Mas psicologicamente, Mari entrou em shutdown. Ela escolheu não estar mais aqui.— Porque aguentou mais do que qualquer uma. Porque segurou todas enquanto se despedaçava por dentro. — sussurrou Lori. — Talvez ela precise de uma âncora tão profunda quanto o trauma que carregou. E, pelo que vimos, essa