Quando finalmente subiram do sótão, o dia já começava a escurecer.
A chuva tinha parado, mas o ar ainda cheirava a terra molhada e pedra fria.
Mila sentia o corpo inteiro pesado — não era só cansaço, era como se carregar o passado da mãe também deixasse marcas no próprio peito.
Sentou-se na beira da cama e apoiou os cotovelos nos joelhos.
Por alguns minutos, ficou ali, em silêncio, tentando organizar tudo o que tinha lido.
Blerim não disse nada.
Apenas se aproximou devagar, como quem não queria invadir.
— Quer que eu vá embora? — perguntou ele, baixinho.
Ela ergueu o rosto.
E, pela primeira vez naquele dia, sentiu vontade de chorar de novo.
— Não — disse, quase num sussurro. — Mas eu… preciso sair daqui um pouco.
— Então vamos.
— Pra onde?
Ele deu de ombros.
— Pro lago. Ou pra qualquer lugar que não tenha lembranças demais.
Ela respirou fundo e assentiu.
— Tá. Mas… me dá um minuto.
— Eu espero.
O céu estava começando a escurecer quando saíram.
O carro seguiu por uma estrada que ela já