Capítulo 51

Quando finalmente subiram do sótão, o dia já começava a escurecer.

A chuva tinha parado, mas o ar ainda cheirava a terra molhada e pedra fria.

Mila sentia o corpo inteiro pesado — não era só cansaço, era como se carregar o passado da mãe também deixasse marcas no próprio peito.

Sentou-se na beira da cama e apoiou os cotovelos nos joelhos.

Por alguns minutos, ficou ali, em silêncio, tentando organizar tudo o que tinha lido.

Blerim não disse nada.

Apenas se aproximou devagar, como quem não queria invadir.

— Quer que eu vá embora? — perguntou ele, baixinho.

Ela ergueu o rosto.

E, pela primeira vez naquele dia, sentiu vontade de chorar de novo.

— Não — disse, quase num sussurro. — Mas eu… preciso sair daqui um pouco.

— Então vamos.

— Pra onde?

Ele deu de ombros.

— Pro lago. Ou pra qualquer lugar que não tenha lembranças demais.

Ela respirou fundo e assentiu.

— Tá. Mas… me dá um minuto.

— Eu espero.

O céu estava começando a escurecer quando saíram.

O carro seguiu por uma estrada que ela já
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