Capítulo 43

Quando terminaram de comer, Mila não teve pressa de recolher os pratos.

Ficaram ali, sentados no pátio, ouvindo o lago respirar na escuridão.

O vento balançava as folhas das mudas de lavanda, trazendo o cheiro fresco que parecia sempre acalmar.

Blerim reclinou na cadeira e cruzou os braços, como quem podia passar a noite inteira ali.

Mila apoiou o cotovelo na mesa e ficou olhando o contorno dele na luz suave da lâmpada.

Era estranho como tudo parecia tão simples quando ele estava por perto.

E, ao mesmo tempo, tão assustador.

— Você sempre foi assim? — perguntou ela, depois de um tempo.

— Assim como?

— Calmo. — Ela mexeu num fiapo de madeira da borda da mesa. — Como se nada te tirasse do lugar.

Ele sorriu, mas não respondeu de imediato.

— Não. Já fui outro.

— Que outro?

— Um homem que tinha pressa de resolver tudo. Que achava que, se fizesse tudo certo, nada ia se perder.

— E perdeu?

O sorriso dele desapareceu devagar.

— Quase tudo, uma vez. — Blerim desviou o olhar, como se ainda foss
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