Quando terminaram de comer, Mila não teve pressa de recolher os pratos.
Ficaram ali, sentados no pátio, ouvindo o lago respirar na escuridão.
O vento balançava as folhas das mudas de lavanda, trazendo o cheiro fresco que parecia sempre acalmar.
Blerim reclinou na cadeira e cruzou os braços, como quem podia passar a noite inteira ali.
Mila apoiou o cotovelo na mesa e ficou olhando o contorno dele na luz suave da lâmpada.
Era estranho como tudo parecia tão simples quando ele estava por perto.
E, ao mesmo tempo, tão assustador.
— Você sempre foi assim? — perguntou ela, depois de um tempo.
— Assim como?
— Calmo. — Ela mexeu num fiapo de madeira da borda da mesa. — Como se nada te tirasse do lugar.
Ele sorriu, mas não respondeu de imediato.
— Não. Já fui outro.
— Que outro?
— Um homem que tinha pressa de resolver tudo. Que achava que, se fizesse tudo certo, nada ia se perder.
— E perdeu?
O sorriso dele desapareceu devagar.
— Quase tudo, uma vez. — Blerim desviou o olhar, como se ainda foss