O cheiro do molho de tomate enchia cada canto da cozinha, misturado ao perfume fresco da massa recém-cozida.

Mila encostou o cotovelo no balcão, segurando uma taça de vinho que ele tinha aberto sem cerimônia, como se cozinhar para ela fosse a coisa mais natural do mundo.

— Vai me contar seu segredo? — perguntou, inclinando um pouco a cabeça. — Nunca provei um molho que cheirasse assim.

— Receita da minha avó — disse ele, mexendo a colher de pau com cuidado. — Ela dizia que o segredo é não ter pressa. Tudo precisa do seu tempo.

— Parece que você leva isso a sério — brincou ela.

Ele ergueu os olhos, e o sorriso pequeno que nasceu nos cantos da boca fez o peito dela se apertar.

— Talvez seja o único jeito que eu conheça de fazer as coisas darem certo — disse ele, num tom tão simples que pareceu uma confissão.

Quando tudo ficou pronto, ele puxou duas cadeiras até perto da janela, onde ainda havia um restinho de luz do entardecer.

A mesa improvisada tinha o ar de um jantar casual, mas Mila