O caminho até o centro antigo de Berat parecia mais longo do que Mila lembrava. Talvez porque agora cada pedra parecia esconder histórias que ela não sabia se queria ou se temia conhecer.
Blerim caminhava ao lado dela em silêncio, respeitando o espaço que ela precisava. O sol da manhã batia nas fachadas de pedra clara, iluminando detalhes que ela nunca notara quando criança. Janelas com molduras entalhadas. Pátios que exalavam cheiro de lenha e hortelã.
Quando passaram diante de uma loja de tapetes, a mulher atrás do balcão ergueu os olhos e acompanhou os dois com curiosidade discreta. Mila não pôde evitar a sensação de que todo mundo sabia quem ela era, mesmo que ela mesma não soubesse.
— Você lembra de vir aqui com sua avó? — Blerim perguntou, quando pararam numa esquina.
Ela desviou o olhar para a colina, tentando puxar alguma lembrança que não parecesse inventada.
— Não muito. Eu… acho que passei muito tempo tentando esquecer tudo. Quando ela morreu, foi como se não restasse mais