**Luana Sartori**
O sol ainda surgia tímido por trás das montanhas quando Luana atravessou os parreirais da vinícola com Alice correndo à sua frente. O orvalho da manhã umedecia a barra do vestido leve que ela usava, e o cheiro fresco da terra se misturava ao aroma adocicado das uvas maduras. Era a época perfeita da safra, e aquilo sempre enchia meu coração de lembranças e uma melancolia agridoce. Mas, naquele dia, havia algo diferente no ar — uma espécie de paz que eu não sentia há muito tempo.
Alice corria entre as fileiras, rindo, os cabelos castanhos ondulados balançando ao vento, e os olhos verdes curiosos observando cada detalhe. Com apenas cinco anos, era viva, intensa e cheia de perguntas. E eu sorria ao vê-la parar e apontar para uma parreira carregada.
“Mamãe, essas uvas são realmente doces, pois o vovô me deu uma azeda, que cheguei a fazer careta.”
Colhi um cacho roxo e brilhante, e me abaixo ao lado da minha filha, peguei uma esfera e entreguei a ela.
´´Experimenta.`` Diss