O restaurante estava banhado pela luz suave do início da tarde.
 A claridade atravessava o teto de vidro e beijava as superfícies em mármore bege, com toques dourados e poltronas que mais pareciam tronos estofados.
 Clara Valentina entrou como quem assina um tratado de guerra.
 Calma. Erguida. Letal.
 Dante a guiou até a melhor mesa, uma redonda, discreta, com vista privilegiada do jardim interno.
 Fez questão de conduzi-la pela cintura, toque leve, quase imperceptível, mas ainda assim… territorial.
 Ela sentiu. Fingiu não notar.
 Mas o corpo… percebeu.
 Já sentados, o garçom se aproximou com postura de mordomo da realeza.
 — “Senhor Navarro, senhorita Valentina… hoje o chef recomenda o salmão grelhado com ervas ou o filé ao ponto com risoto trufado.”
 — “Filé ao ponto pra mim.” — disse Clara, sem hesitar.
 — “Mesmo.” — respondeu Dante, sem tirar os olhos dela. — “Mas com vinho tinto. Francês. Que harmonize com… ideias bem temperadas.”
 O garçom se afastou. E o campo de batalha se fec