Clara se levantou com a precisão de quem não erra o passo — nem quando pisa em terreno minado. A equipe já começava a reunir os materiais, quando Dante, ainda encostado na cadeira, soltou com o tom perfeitamente calculado:
 — “Valentina…”
 Ela virou devagar. Sobrancelha erguida, queixo levemente angulado.
 Dominante até no silêncio.
 — “Sim?”
 Ele se afastou da mesa, ajeitou o blazer nos ombros e respondeu como se estivesse falando sobre algo técnico, frio, inofensivo:
 — “A proposta da ativação sensorial com holografia urbana. A que conecta interação física com projeção de marca no circuito internacional…”
 Pausa. Ele sustentou o olhar.
 — “Talvez eu não tenha entendido direito.”
 Clara piscou uma vez. Curta. Quase imperceptível.
 Ela sabia.
 Ele tinha entendido cada linha.
 - Mas ali não se tratava de dúvidas. Era um convite.
 — “Posso enviar um material mais detalhado.” — ela devolveu, contida.
 Dante caminhou até o canto da sala, onde repousava a pasta de couro e as chaves do carr