08h17.
O salto 12 de Clara Valentina estalava contra o mármore da recepção da Hudson Tower como se cada passo dissesse: “ninguém me para hoje.”
Cabelo preso num coque alto. Terno branco off-white com corte italiano. Brincos minimalistas. Batom vermelho profundo — o tipo que deixava rastro sem precisar encostar.
Ela acenou de longe pro segurança e entrou no elevador com a mesma naturalidade com que uma rainha entra no trono.
Mas aí…
👉 A porta quase fechando… e uma mão surge.
Aço. Relógio Rolex. Veias saltadas.
Dante Navarro.
O sensor detecta. A porta abre de novo.
Clara não esboça reação. Só olha. E ele entra.
Sozinhos.
O elevador começa a subir.
Térreo. 1º. 7º.
Nenhum som.
Só o ar mudando de temperatura.
Clara não desvia os olhos do painel. Mas sente.
👉 O perfume dele invade.
Aquele amadeirado encorpado, com fundo de couro e pecado.
Dante dá um passo pro lado. Não fala nada.
Mas observa. Discretamente? Não.
Com audácia.
O olhar dele percorre dos brincos ao salto.
Ela sente. Mas não