Acordou antes do amanhecer, como sempre fazia, mas já não era por disciplina ou rotina. Era porque o sono simplesmente a abandonava no meio da noite. Ficava deitada, olhos abertos no escuro, escutando o próprio coração bater como se fosse um lembrete cruel de que ainda estava viva.
Naquela manhã, levantou-se da cama sem fazer barulho. Takeshi roncava, Emi dormia no quarto ao lado. A casa parecia intacta por fora, mas por dentro estava esfarelando. Akiko desceu até a cozinha, acendeu a luz amarelada e ficou olhando para a bancada limpa, como se não soubesse o que fazer.
O hábito a empurrou: lavou o arroz, colocou na panela elétrica, preparou o café. Mas as mãos trabalhavam sozinhas. O corpo lembrava, o coração não. Quando o aroma começou a preencher a cozinha, um estalo seco dentro dela a fez parar. O cheiro a lembrou de Haruki.
De como ele, quando pequeno, vinha correndo ainda de pijama e dizia “cheira a casa feliz”.
A frase ecoou com tanta força que Akiko perdeu o equilíbrio e s