O silêncio da casa pesava sobre os ombros de Takeshi como se fosse um teto prestes a desabar. Desde que Haruki partira, cada passo parecia ecoar em demasia, como se o chão gritasse a ausência que ninguém ousava nomear.
Ele tentava manter a rotina. Acordava cedo, fazia café, lia o jornal. Mas nada daquilo tinha sabor ou sentido. Era apenas a casca de uma vida que já não existia.
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No trabalho, colegas o cumprimentavam com formalidade, e ele respondia do mesmo jeito. Mas os olhos deles denunciavam: todos sabiam, todos cochichavam. “O filho fugiu… o pai não deu conta.”
Essas frases não eram ditas em voz alta, mas Takeshi as ouvia em cada olhar.
E o que mais o corroía era que talvez fossem verdade.
Ele lembrava de todas as vezes em que Haruki se sentava à mesa, tentando contar algo, e ele, cansado demais, apenas murmurava:
— Depois, Haruki. Estou ocupado.
Esse depois nunca chegou. Agora, era tarde demais.
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À noite, quando voltava para casa, encontrava Akiko perdida em memó