Clara
O café com Gabriel terminou com uma conversa leve sobre música, lesões e as histórias engraçadas que ele colecionava dos bastidores da patinação artística.
Ele era divertido. Atento. Inteligente. Mas o que me deixava desconfortável não era o que ele fazia — e sim o que eu começava a sentir.
Não era paixão, nem atração imediata. Era um reconhecimento. Como se ele enxergasse algo em mim que eu mesma tinha esquecido que existia. Como se ele me oferecesse um reflexo onde eu não era só a mulher que ficou, que sofreu, que esperou Jason entender o que queria da vida.
E isso me assombrava.
Voltei para casa com a cabeça girando.
Tomei um banho quente, tentei esquecer. Estava sentada no sofá com as pernas encolhidas quando escutei a campainha tocar.
Uma vez. Depois outra.
Levantando devagar, com o coração já batendo acelerado, fui até a porta. E quando a abri... Era ele.
Jason.
Com aquela expressão carregada, o olhar queimando. O corpo tenso, os punhos cerrados.
— O que foi isso, Clara? T