POV Alice Kim
A maçaneta range, o som invade o quarto como um trovão em noite seca. Eu travo. O ar morre na minha garganta. Zion sai de dentro de mim, o corpo inteiro tenso, os dedos apertando minha cintura como se quisesse me fundir à pele dele. Joga o cobertor sobre o nosso corpo, para esconder nossa nudez.
A porta se abre. Minha mãe surge. O rosto dela congela. Os olhos arregalam, a respiração some. Por um segundo, o mundo inteiro para. O silêncio é tão denso que parece que vai me engolir. Eu tento falar.
Nada sai. Zion também não se move. Ele só me segura, como se admitir o movimento fosse confirmar tudo. Os olhos dela se enchem d’água. O rosto se contorce. As mãos tremem.
— Não… — ela balbucia, como se fosse um mantra torto. — Não… não pode ser…
Eu sinto o corpo dela quebrar na minha frente. Um estalo silencioso, quase poético, quase cruel.
— Mãe… — minha voz sai como um sopro, rasgada. — Eu…
Ela dá um passo pra trás. A mão cobre a boca. Os joelhos fraquejam. Eu vejo o universo