Rogério
Eu e Antony estávamos na sacada do prédio dele, o vento batendo levemente enquanto segurávamos os copos de uísque. Ele já tinha passado por muita coisa — viu a morte da minha esposa, que faleceu num acidente de carro enquanto estava grávida do nosso primeiro filho. Eu tinha 42 anos, e desde então, A dor parecia eterna.
— Que presente idiota será agora? perguntei, rindo, olhando para Antony.
— Esse aqui você vai gostar respondeu ele, com aquele sorriso maroto. — Vai lembrar os tempos da faculdade de medicina.
— Não vai prestar, kkkk falei, já prevendo besteira. — Só fazíamos besteira naquele tempo.
— Besteiras bem gostosas, digamos… Antony deu uma risada, lembrando-se do passado. — Éramos jovens. Agora somos dois velhos já.
— Diga isso por você respondi, tomando um gole do uísque. — Eu estou na minha melhor fase.
— O que seus pacientes diriam se soubessem que o diretor Antony é um devasso? provoquei.
— Iriam apoiar meu bom gosto — disse ele, sorrindo de canto. — Prefiro ser