A porta do escritório se fechou com um clique suave, mas para Pedro, o som foi definitivo como o de uma cela se trancando. Ele não se moveu. Permaneceu de costas para a sala, o cigarro esquecido entre os dedos, a fumaça subindo e se dissipando. As palavras dela — Quero o divórcio — ecoavam no silêncio, não como uma ameaça, mas como um fato consumado. Ele esperava raiva, lágrimas, uma briga. Não esperava aquela calma gélida. Mesmo que o casamento deles não estivesse bem, ele não imaginou que um dia ela teria coragem de pedir o divórcio a ele.
Ele ficou ali, inerte, por um tempo que não soube medir. Cada objeto, cada livro, cada fotografia na estante era um lembrete de uma vida que ele mesmo havia implodido. Apenas quando o alarme em seu celular soou, avisando que o horário de seu voo se aproximava, ele se moveu. Apagou o cigarro com uma força desnecessária, pegou sua mala já pronta no canto da sala e saiu, atravessando a casa silenciosa como um estranho.
Enquanto isso, depois de sair