A manhã amanheceu envolta em uma névoa silenciosa, abafando os sons da cidade e mergulhando as ruas em uma palidez quase onírica. O Instituto Médico Legal ficava em uma das zonas mais antigas e esquecidas da cidade, entre galpões abandonados e pátios de concreto rachado. Árvores secas ladeavam os muros altos do prédio cinzento, suas folhas mortas espalhadas eram lembranças esquecidas de outonos distantes.
Jacob estacionou o carro com cautela diante do portão enferrujado. Permaneceu por alguns segundos dentro do veículo, com os dedos presos ao volante e o olhar perdido no retrovisor. Seus próprios olhos o encaravam de volta vermelhos, fundos, marcados por uma noite mal dormida e por memórias que insistiam em reaparecer.
Respirou fundo, fechou os olhos por um instante. Sentia o coração bater devagar, mas cada batida parecia ecoar por todo o seu corpo. Abriu a porta, saiu, trancou o carro com um clique metálico e caminhou até a entrada.
O saguão do IML era frio e sem alma. Um silêncio se