O sol da tarde penetrava pelas cortinas brancas da sala de estar, dançando suavemente sobre o tapete claro. Luna estava sentada no sofá, com as pernas dobradas sob o corpo, uma xícara de chá morno nas mãos e a barriga redonda repousando contra o vestido de algodão. Valentina estava deitada no chão, desenhando com concentração. Joshua, empolgado com uma pista de carrinhos, fazia barulhos de motor com a boca.
Jacob observava tudo em silêncio, recostado no batente da porta, os braços cruzados. O ambiente calmo, o cheiro de lavanda no ar, o som da família, era tudo o que ele jamais imaginou e agora era dele. Real, concreto e estável.
O telefone tocou.
Era um som comum, um toque qualquer, mas naquele instante, rompeu o equilíbrio da casa como um trovão.
Jacob franziu o cenho, cruzou a sala e atendeu.
— Alô?
Um silêncio breve do outro lado da linha. Depois, uma voz masculina, grave, profissional.
— Senhor Jacob Lancaster?
— Sim, quem fala?
— Aqui é o Tenente Dias, da Penitenciária feminina.