A tarde ardia como uma fogueira acesa sobre os telhados enferrujados da Penitenciária Estadual Feminina. O calor invadia as celas, tornando o ar espesso, úmido e quase irrespirável. Os ventiladores presos às paredes giravam lentamente, espalhando o ar quente como se também estivessem exaustos daquela rotina infernal. As detentas andavam pelo pátio de concreto com passos pesados, suadas, irritadas, entediadas. Algumas discutiam, outras apenas se sentavam em silêncio, esperando que o dia acabasse.
Samantha estava encostada na parede do fundo da ala C, com os olhos fixos em algum ponto invisível do chão. Seu corpo magro, os cabelos desgrenhados e a expressão opaca não chamavam atenção naquele lugar onde todas carregavam tragédias. O tempo parecia correr de forma diferente para ela. Havia dias em que gritava por Jacob em meio à madrugada, dias em que ria sozinha, dias em que apenas chorava, olhando para as paredes como se visse fantasmas.
Mas naquele dia, algo estava para mudar.
No banco