O quarto subterrâneo cheirava a mofo e ferro. As máquinas que mantinham o corpo vivo agora estavam desligadas, e apenas o som da respiração pesada preenchia o ambiente.
Ele havia despertado.
O pai de Estela abriu os olhos, turvos pela inatividade, mas ainda carregando a mesma intensidade de outrora. A mão tremeu ao se apoiar na cama, e quando ergueu o olhar, a primeira coisa que encontrou foi a figura imóvel à sua frente.
O Cervo.
Ninguém nunca o via claramente. Seu rosto sempre escondido sob as sombras de capuzes e a penumbra que parecia seguir seus passos. Só os olhos — frios, profundos, calculistas — entregavam que ele estava sempre observando.
— Então… você voltou ao mundo dos vivos — a voz do Cervo cortou o silêncio, firme, quase metálica. — Espero que tenha voltado disposto a cumprir o que me prometeu.
O homem respirou fundo, os músculos do maxilar contraindo.
— Eu não voltei para morrer como um cachorro sarnento em uma cama. — sua voz era grave, arranhada. — Voltei porqu