POV: Lorenzo
Havia noites em que o silêncio era mais barulhento do que qualquer tiroteio.
Essa era uma delas.
Os papéis estavam espalhados pela mesa de mogno, alguns amarelados, outros impressos recentemente. Mapas. Relatórios de informantes. Anotações de um tempo em que eu ainda era só um garoto, ouvindo conversas proibidas nos corredores da mansão Moretti.
Meu pai falava pouco sobre ele.
Os capos, menos ainda.
Mas o nome… o nome eu nunca esqueci.
O Corvo.
Um sussurro que atravessava décadas, sempre carregado de medo e respeito.
O arquiteto invisível, o estrategista que nunca mostrava o rosto. Alguns diziam que era um homem só. Outros, que era uma linhagem, um título passado como uma herança de maldição.
Folheei mais alguns documentos, o cheiro de poeira me atingindo como um soco. Eram registros de reuniões antigas do Conselho, investigações secretas de famílias rivais que tentaram — e fracassaram — descobrir quem ele era.
— Nunca pensei que você fosse mexer nisso. — Ricc