POV: Lorenzo
O motor rugia baixo, mas o silêncio era mais ensurdecedor do que qualquer barulho da rua. Minhas mãos seguravam o volante com firmeza, como se aquela fosse a única âncora que me impedia de desmoronar. O vidro refletia as luzes da cidade, mas minha mente não via nada além do rosto de Isa sorrindo na tela, e da garotinha com olhos castanhos repetindo um nome que eu jamais deveria ter escutado de novo.
Estela se mexeu no banco do passageiro, o perfume suave dela preenchendo o carro. Senti seu olhar queimando em mim.
— Lorenzo... — a voz dela soou baixa, carregada de incerteza. — O que foi aquilo? Quem era aquela menina?
Engoli em seco, mantendo os olhos fixos na estrada. Minhas costelas pareciam se fechar a cada respiração. Não podia responder. Não ainda.
— Você está pálido... — ela insistiu, agora tocando de leve meu braço. — Está me assustando.
Olhei rapidamente para ela, apenas por um segundo. Os olhos claros estavam arregalados, cheios de perguntas. Meu peito doeu