CRISTINA SANTIAGO
Entramos no carro e o silêncio era como uma terceira pessoa sentada no banco de trás. Minha mente era um redemoinho com a bagunça dos acontecimentos recentes, Miranda, Richard, Helen, Heitor, a certidão de casamento e, acima de tudo, a arrogância inacreditável do homem sentado ao meu lado.
Eu olhava pela janela, vendo as mansões do bairro passarem como borrões. Minha cabeça doía. Eu saí de casa determinada a conseguir um divórcio e acabei no centro de uma conspiração para destruir minha reputação, sendo julgada pela família do meu falso-noivo-que-na-verdade-era-marido-real, e agora estava presa em um carro com o dito marido, que me prometeu que me faria querer ficar com ele. Minha vida é muito movimentada, para alguém que só quer viver pacificamente.
— Estamos indo para a empresa? — perguntei.
Eu precisava de normalidade. Precisava da minha mesa, do meu computador, de planilhas e problemas que eu pudesse resolver. Ethan nem olhou para mim. Manteve os olhos na estrad