CRISTINA SANTIAGO
Eu estava meio atordoada naquele ambiente, haviam manequins com roupas que custavam meu salário de um mês. Até mais do que isso.
Rosália, ao contrário de mim, parecia estar no paraíso. Cada loja que via, ela apontava com um gritinho de entusiasmo e me puxava pelo braço para entrar com ela.
— Vamos entrar nessa só pra olhar, prometo. — ela disse pela quinta vez.
Olhar. Claro. O verbo mais mentiroso que existe quando se trata de Rosália. Ainda mais quando ela não está pagando.
Deixamos Ethan sentado numa área de espera, com aquela cara de homem entediado, o celular nas mãos e o paletó dobrado no colo.
Assim que nos afastamos o suficiente pra ele não ouvir, olhei pra Rosália e, num tom debochado, imitei a voz empolgada dela de mais cedo:
— “Pode me chamar de Rosália ou até de cunhada.” — arqueei uma sobrancelha e sorri torto. — Sério? Você se vendeu muito fácil.
Ela gargalhou, sem um pingo de vergonha.
— Amor, eu não me vendi. Eu me adaptei. — respond