CRISTINA SANTIAGO
Meus pais raramente usam a palavra “perdão”. Na verdade, acho que nunca usaram comigo. Talvez com a vizinha, quando quebrei sem querer o vaso de plantas dela, mas comigo? Jamais.
— Talvez não tenhamos sido justos com você, filha.
Olhei para os dois, desconfiada. Sempre há uma pegadinha. Sempre.
Minha mãe suspirou, colocando a mão sobre a minha.
— Você sempre foi... diferente. Independente. Mais fácil de lidar. Acho que, por isso, não lhe demos a atenção que merecia.
Eu pisquei rápido, sentindo um nó na garganta. Era verdade. Eu sempre fui a “fácil”, a que reclamava menos, a que respeitava as regras bobas da família. Enquanto a Beatriz era a filha-problema. Mesmo eu sendo boa, obediente e não causando problemas, por alguma razão, eles sempre pareceram amá-la mais que a mim.
Será mesmo que eles estão se arrependendo? Por um instante, acreditei. Meus olhos marejaram sem querer.
— Nós realmente te amamos. — disse meu pai. — Mesmo que não tenha parecido.
Senti a