“Ann Sterling”

Quando chego ao quarto de Daniel, encontro-o acordado, mexendo no tablet, com uma pilha de livros ao lado da cama.

Nos últimos dois meses de internação, ele desenvolveu o hábito de ler vorazmente. Talvez seja a forma que encontrou para escapar da rotina hospitalar.

— Oi, Dan — digo, beijando sua testa. — Como você está hoje?

— Melhor agora que você chegou — responde, deixando o tablet de lado. — Já estava começando a achar que tinha se esquecido de mim.

— Nunca faria isso — digo, me sentando na cadeira ao lado da cama. — Só tive uma semana bem… intensa.

Daniel me observa com aquele olhar curioso que sempre me deixa nervosa. Ele sempre parece saber quando algo está acontecendo comigo.

— Você está… diferente — diz, por fim.

— Diferente como?

— Não sei. Parece nervosa. Aconteceu alguma coisa? Foi por isso que sumiu?

— Só… cansaço — minto. — Te falei que meu chefe é bem exigente.

A última coisa que posso contar agora é sobre o sequestro. Muito menos so