A escolha Certa

Logan narrando

Quando a porta da sala se abriu e Sophia Torres entrou, eu já estava sentado atrás da mesa. Observei cada passo dela. Havia algo naquela postura — firme, mas respeitosa — que me chamou a atenção de imediato.

O som dos saltos contra o piso de madeira ecoava no espaço silencioso. Eu já tinha visto dezenas de candidatos passarem por aqui naquela manhã, mas nenhum deles havia conseguido despertar em mim mais do que uma análise fria de currículo. Sophia, no entanto, parecia carregar algo diferente. Não era arrogância, nem nervosismo em excesso. Era... presença.

Logan: Bom dia - cumprimentei, mantendo a voz neutra.

Logan: Você é Sophia Torres?

Sophia: Sim, senhor. Muito obrigada pela oportunidade - respondeu com um sorriso breve, mas genuíno.

Indiquei a cadeira à frente da mesa.

Logan: Sente-se.

Ela obedeceu, acomodando a pasta sobre o colo, mantendo as mãos firmes. O olhar era direto, seguro, mas não ofensivo. Comecei com as perguntas básicas: nome completo, idade, experiências anteriores.

Ela respondeu sem hesitar, cada frase saindo clara, limpa.

Sophia: Trabalhei em recepção e também em atividades administrativas de apoio. Aprendi a lidar com organização de documentos, atendimento e rotinas de escritório. Não tenho medo de trabalho, senhor. Se me derem a chance, vou vestir a camisa da empresa e dar o meu melhor.

As palavras dela saíram com clareza, sem a menor vacilação. Eu já havia entrevistado muitos candidatos que repetiam frases ensaiadas, mas havia algo diferente no modo como Sophia dizia aquilo. Não era repetição decorada; era convicção.

Me Inclinei levemente para frente, cruzando as mãos sobre a mesa.

Logan: Entendo - falei.

Logan: Mas você sabe que a função exige lidar com pressão, prazos curtos e, às vezes, conflitos. Como se vê em situações assim?

Ela respirou fundo, mas não desviou os olhos dos meus.

Sophia: Encarando. Não corro de problemas. Se não sei algo, aprendo. Se há pressão, foco na solução. Meu objetivo é sempre cumprir o que me for designado.

Assenti em silêncio, registrando cada detalhe. O tom de voz dela era firme, mas não exagerado. Eu procurava falhas, alguma insegurança ou contradição, mas não encontrava.

Logan; E se houver imprevistos? - insisti.

Logan: Como você se adapta?

Sophia: Reorganizando - disse de imediato.

Sophia: Sempre há um jeito de manter a rotina em ordem e garantir que o trabalho seja entregue. Para mim, o importante é a empresa poder contar comigo.

Essa resposta me atingiu mais do que deveria. Quantas vezes eu ouvi candidatos dizendo o que achavam que eu queria escutar? Mas ela não parecia buscar agradar. Não havia medo ou bajulação na fala. Era apenas uma afirmação firme de quem já tinha aprendido que desistir não era uma opção.

Cruzei os braços, estudando-a com ainda mais atenção.

Logan: Por que devo escolher você entre tantos outros?

Ela ergueu o queixo, sem desafiar, mas com determinação.

Sophia: Porque eu quero essa oportunidade. Vou me dedicar, aprender rápido e dar resultados. Eu não vejo esse cargo como apenas um emprego, mas como um espaço para crescer junto com a empresa.

Houve um instante de silêncio. Eu a encarei, esperando que perdesse o foco, que desviasse os olhos ou se contradissesse. Mas ela permaneceu firme, os olhos verdes fixos nos meus, sustentando aquele peso sem se intimidar. Não havia arrogância ali, apenas confiança e uma honestidade difícil de encontrar.

Encostei-me de volta na cadeira, ponderando. Em dez anos, poucas pessoas haviam me surpreendido em uma simples entrevista. A maioria dos candidatos ou se vendia com histórias mirabolantes ou tentava despertar piedade. Sophia não. Ela não buscava atalhos, não usava máscara. Apenas se mostrava disposta.

E isso, para mim, tinha mais valor do que qualquer linha no currículo.

Deixei o silêncio se prolongar alguns segundos, só para observar se ela fraquejava. Mas ela continuou serena, sustentando a postura. Havia uma calma desconcertante em vê-la suportar a pressão sem titubear.

Finalmente, quebrei o silêncio:

Logan: Muito bem. Vamos concluir por aqui.

Ela assentiu, se levantou e ajeitou a pasta com cuidado. Estendeu a mão para mim.

Sophia: Agradeço pelo tempo, senhor Moretto. Espero que possamos trabalhar juntos.

Apertei sua mão, firme.

Logan: Igualmente, senhorita Torres.

Observei enquanto ela caminhava até a porta. O som dos passos ecoou de novo na sala, mas, dessa vez, parecia mais forte. Havia algo naquele andar seguro, no jeito de manter a postura até o último instante, que me fez refletir.

Assim que a porta se fechou, puxei o telefone e disquei para a responsável do RH.

Logan: Continue a seleção - ordenei, com voz firme.

Logan: Sigam o protocolo, façam as perguntas técnicas e avaliem todos os candidatos.

RH: Sim, senhor. - A voz do outro lado aguardava, esperando instruções adicionais.

Eu não hesitei.

Logan: Mas vou deixar claro: a escolhida da vaga será Sophia Torres.

Houve uma breve pausa. A coordenadora respirou fundo, como se estivesse prestes a questionar.

RH: Senhor, mas…

Logan: Não há mais - cortei, sem alterar o tom.

Logan: Não é apenas sobre currículo. É sobre caráter, determinação e capacidade de enfrentar desafios. Ela tem tudo isso.

Desliguei sem esperar réplica.

Permanecei alguns segundos em silêncio, encarando a porta por onde ela havia saído. O escritório estava silencioso, mas dentro de mim algo não estava. Havia uma agitação, uma inquietação rara.

Não era atração física. Não era impulso. Era algo mais profundo, difícil de explicar. Sophia Torres não pedia favores, não buscava atalhos, não mendigava chances. Ela só queria a oportunidade de provar o próprio valor. E eu sabia reconhecer quando estava diante de alguém assim.

Respirei fundo e recostei-me na cadeira de couro. Por anos, eu havia fechado meu coração, mantido uma barreira rígida entre mim e qualquer coisa que pudesse me tirar o equilíbrio. Preferia o isolamento, a frieza, o controle absoluto. Mas, naquele instante, percebi uma chama discreta, quase imperceptível, acender.

Sophia não era ameaça. Sophia era inspiração.

E naquele exato momento, tive certeza: ela não seria apenas mais uma funcionária. Ela seria a escolha certa.

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