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Primeiras impressões

Eu peguei o telefone, o número parecendo piscar na tela. Respirei fundo, tentando soar como alguém de vinte e poucos anos, com experiência e estabilidade, e não como uma estudante de 19 anos à beira de um colapso financeiro.

Disquei.

"Mansão Thorne, como posso ajudar?" A voz do outro lado era polida, robótica, sem espaço para informalidades.

"Meu nome é Aurora. Eu... eu liguei sobre a vaga de babá. Minha amiga, Bianca, disse que enviou meu currículo e que eu deveria ligar agora."

Houve um clique silencioso na linha, seguido por um silêncio breve e calculado. Eu podia sentir a secretária me avaliando à distância, comparando minha voz nervosa com o que quer que estivesse no meu arquivo digital.

"Senhorita Aurora," ela respondeu, o tom ligeiramente mais quente, mas ainda frio. "Seu perfil foi selecionado para uma entrevista preliminar. O Sr. Nicholas está com a agenda apertada, mas devido à urgência da vaga e à sua disponibilidade, ele pode recebê-la ainda hoje. Você consegue estar aqui às quatro da tarde?"

Quatro da tarde. Daqui a duas horas.

"Sim. Perfeitamente. Eu estarei lá." Minha voz saiu um pouco mais firme do que eu esperava.

Ela me deu o endereço, um bairro que só existia nos filmes e nas revistas de fofoca, e encerrou a ligação com um seco "Esperamos por você."

Desliguei e olhei para Bia, que estava vibrando. "Eu disse! Você conseguiu! Agora, vamos te transformar em uma profissional séria."

Eu tinha pouco tempo e menos roupas adequadas. Meu guarda-roupa era uma coleção de jeans gastos, camisetas confortáveis e peças que, honestamente, abraçavam um pouco demais as minhas formas. Mas para a Mansão Thorne, eu precisava de armadura.

Depois de um banho rápido, comecei a transformação. Meus cabelos longos e loiros, que caíam em ondas espessas pelas minhas costas, foram presos em um rabo de cavalo baixo e apertado, numa tentativa de parecer mais madura e menos... chamativa.

A parte mais difícil era a roupa.

Escolhi o conjunto mais neutro e sério que eu possuía: uma calça de alfaiataria preta, com corte reto e discreto, combinada com uma blusa de seda cor off-white de gola fechada. Por cima, vesti o único blazer preto que eu tinha, que milagrosamente não estava amarrotado. A ideia era criar linhas retas e profissionais, tentando esconder a exuberância do meu corpo – especialmente meus seios grandes e a proeminência do meu quadril – que tantas vezes me faziam sentir exposta. Eu queria que Nicholas visse a inteligência, não a atração.

A tatuagem na lateral da minha coluna, o meu Eu Te Escolho, estava perfeitamente escondida sob a blusa e o blazer. Era o meu lembrete particular: a cada passo, eu estava escolhendo um futuro melhor para mim e para minha família, não importa o quão intimidador fosse o caminho.

Olhei no espelho. A roupa era séria, mas a ansiedade em meus olhos azuis traía a inexperiência por baixo da fachada. Eu parecia a Aurora que tirava notas altas na faculdade, mas com sapatos de salto baixo emprestados que machucavam meus pés.

"Você está perfeita, Au. Inteligente, linda, e parece que vai fechar um negócio de milhões," Bia disse, me entregando minha bolsa. "Respire. Lembre-se: Lili precisa de você, e você precisa desse salário. Vá lá e conquiste esse ogro."

Assenti. Concentrei-me no meu objetivo: faculdade, família, Lili. E assim, eu saí da luz fraca do nosso apartamento para o sol forte da tarde, a caminho do palácio de um bilionário que eu já sabia que era arrogante, mas que, inegavelmente, era a minha única esperança.

O endereço que a secretária me deu me levou para um mundo que eu só conhecia da televisão. Ruas largas, silêncio absoluto e muros tão altos que pareciam feitos para prender segredos. Meu pequeno carro parecia um brinquedo enferrujado ao lado dos portões de ferro forjado da Mansão Thorne.

Quando cheguei, o portão se abriu como um comando militar. Segui a longa entrada de paralelepípedos, ladeada por jardins perfeitamente esculpidos que pareciam frios demais para florescer. O lugar era menos uma casa e mais uma fortaleza de vidro e aço. Não havia calor; havia poder. Parecia que eu estava entrando em uma galeria de arte moderna, onde tudo era projetado para ser admirado de longe.

O mordomo que me recebeu — impecável, é claro — não sorriu. Ele apenas me conduziu através de um hall de entrada gigantesco, onde o mármore ecoava cada passo meu. Tudo era branco, cinza e cristal.

"Por favor, aguarde aqui," ele disse, me levando para uma sala de estar que parecia tirada de uma revista.

Sentei-me em uma poltrona de couro tão macia que quase me engoliu, e tentei parecer calma. Minhas mãos estavam suando dentro das luvas, e eu podia sentir o desconforto nos sapatos emprestados. Eu era uma impostora vestida de social em um lugar onde o ar custava mais que meu aluguel.

Foi então que a vi.

Lili.

Ela estava sentada no canto mais distante da sala, no chão, perto de uma janela enorme. Uma menininha de cinco anos, com o cabelo escuro e liso, brincando em silêncio com um urso de pelúcia que parecia velho demais para aquele ambiente novo demais. Ela nem sequer olhou para mim. A tristeza dela era quase palpável, como uma nuvem cinzenta pairando sobre o luxo. Meu peito se apertou por ela. Aquele arrepio de bondade genuína que Bia tinha mencionado me atingiu em cheio. Eu precisava desse emprego. Não só pelo dinheiro, mas porque eu sentia que aquela menininha precisava de alguém.

A porta abriu-se de repente, e toda a minha atenção foi roubada.

Ele não entrou. Ele surgiu.

Nicholas.

Meu coração deu um salto e depois começou a martelar nas minhas costelas. A descrição de Bia sobre o "ogro" era falha, mas a do "lindo" era um eufemismo cruel. Ele era a definição de poder e perfeição.

Vestindo um terno sob medida, cinza escuro, que parecia ter sido costurado na sua pele, ele era mais alto do que eu imaginava, e cada músculo que eu tinha ouvido falar era visível, mesmo sob o tecido caro. Os trinta anos dele lhe davam uma gravidade que era intimidante. Mas o que realmente me atingiu foram os olhos. Eles eram de um azul tão intenso que pareciam perfurar através do meu blazer e da minha calma fingida.

Ele estava lindo, sim. Mas a beleza dele era fria. Ele não sorriu. Ele nem sequer tentou parecer agradável. Ele parecia um predador que havia acabado de entrar na sala. A aura de arrogância que Bia previu estava lá, densa e palpável, misturada com uma ponta de cansaço e trauma.

Ele parou, com as mãos nos bolsos, e me olhou de cima a baixo em um único segundo – uma varredura fria e profissional. A intensidade de seu olhar fez minhas pernas fraquejarem.

"Senhorita Aurora," a voz dele era grave e autoritária, aveludada, mas cheia de desinteresse. "Vamos começar. Meu tempo é valioso."

E ali, sob o olhar daquele homem lindo e arrogante, com Lili brincando em silêncio no canto, minha entrevista e a minha perdição começaram.

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