Domingo, 10h da manhã.
E aqui estou eu. Sentada no sofá, pijama velho, cabelo preso num coque torto, encarando a xícara de café como se ela tivesse alguma resposta pra me dar.
Se alguém me olhasse agora, provavelmente pensaria: “Olha aí, uma mulher plena, centrada, dona de si.”
Mentira.
Porque tudo o que passa na minha cabeça, desde ontem, é aquele maldito beijo. Aquele lago. Aquela senhora intrometida. Aquele homem. Aquele maldito homem.
Cruzo os braços, descruzo. Me levanto, ando até a cozinha. Volto pro sofá. Me jogo na cama. Me enrolo no cobertor. E, claro, faço o que qualquer adulta responsável faria nessa situação: discutir comigo mesma.
“Não foi nada. Foi só... um momento. Uma coisa de impulso. Condições atípicas. Clima de viagem. Foi só isso.”
Pausa dramática. Me olho no espelho da sala.
— Aham, Stellinha. E eu sou a Beyoncé. — falo alto, sozinha.
O problema é que, se eu admitir que aquilo foi real... que aquele olhar dele, aquele toque no meu rosto, aquele sorriso de canto —