Capítulo 29 – Vozes Entre Ruínas
A manhã começou cinzenta, como se o céu pressentisse o peso do que estava por vir.
Lucas acordou antes de Isabela. Permaneceu deitado no sofá por alguns minutos, observando o teto descascado. O corpo doía, mas não era cansaço físico. Era a mente que o consumia, como um ferro quente marcado na pele.
Levantou-se em silêncio, foi até a cozinha e preparou café. O cheiro forte espalhou-se pelo apartamento, despertando lembranças que ele não queria. Seu pai costumava preparar café aos domingos, o mesmo aroma que agora o sufocava.
“Meu pai. Meu herói. E agora, talvez, meu carrasco em silêncio.”
Lucas fechou os olhos e respirou fundo. A imagem das fotos antigas voltava sem permissão: Artur, Eduardo e a mãe de Isabela, sorrindo como se fossem inseparáveis. O sorriso de seu pai, que sempre lhe parecera sincero, agora lhe parecia uma máscara.
Ele se odiava por pensar assim.
Quando Isabela entrou na cozinha, ainda de camisola, os cabelos desgrenhados, Lucas desvio