A campainha toca com insistência e a luz do sol ainda mal risca o horizonte, tingindo São Paulo com tons alaranjados que não aquecem. O ar está denso, carregado de algo que vai além da umidade da madrugada, uma expectativa contida, prestes a se romper. Rui estaciona o carro com pressa em frente à casa de Islanne. Ele não esperava estar ali tão cedo. Não queria estar. Mas não conseguiu dormir. Não depois da conversa com Ravi. Não depois de perceber que perdeu muito mais do que uma mulher. Perdeu a própria direção.
Islanne atende a porta com o cenho franzido e os olhos ainda inchados de sono, descalça, usando uma camiseta velha que cai solta no corpo.
— Rui? O que você está fazendo aqui a essa hora?
Ele não responde de imediato. Apenas entra. Como se o gesto ousado pudesse dar conta do que sente.
— Vim porque não aguento mais fingir que estou bem. Porque eu te amo, Islanne. E porque preciso entender o que sobrou de nós dois.
Ela respira fundo. Fecha a porta com cuidado, como quem sabe q