Ninguém entra numa sala para falar sobre um bebê desaparecido com o coração tranquilo. Jonathan sente isso no peito como um soco. O corredor é estreito, a porta pesada se fecha atrás dele com um estalo que parece selar um destino. O silêncio no interior do escritório não é casual, é meticulosamente calculado. As paredes, o ar parado, o cheiro de café amargo esquecido em alguma xícara. Tudo ali convida à verdade. Ou, ao menos, ao que se consegue reunir dela entre dor e lembranças fragmentadas.
O homem à sua frente não levanta da cadeira. Apenas o observa, olhos quase inumanos de tão atentos. Jonathan segura firme a pasta de documentos e senta-se. Não tem tempo para rodeios. O assunto é grave. Urgente. E já doeu por tempo demais.
— Meu nome é Jonathan Schneider. Vim procurar você porque preciso do melhor — começa, sem rodeios.
O detetive continua em silêncio por um momento, como se avaliasse o peso real daquelas palavras.
— As pessoas geralmente me procuram quando já perderam a esperanç