O oitavo mês de gestação chega como um vendaval, trazendo com ele um corpo cada vez mais pesado e uma alma cada vez mais inquieta. Marta sente como se o tempo estivesse passando rápido demais e ao mesmo tempo, como se cada hora carregasse consigo uma eternidade esmagadora.
Seu ventre já não permite mais as longas caminhadas pelas áreas externas do sítio, muito menos visitas aos galpões de frango, onde o protocolo sanitário é severo e inegociável. Máscaras, macacões, botas e túneis de desinfecção impedem qualquer improviso, e com a pressão ainda sensível e o barrigão que exige atenção constante, ela precisou recuar.
Mas não parar.
— Você não vai dar conta disso sozinha, Martinha — dizia dona Maria, ainda mais presente desde que a filha recebeu o diagnóstico de gravidez de alto risco.
Marta sabe disso. E por isso, se organiza. O escritório, agora climatizado e mais estruturado, virou seu quartel general. Ali, com planilhas abertas na tela do computador, canecas de chá morno e almofadas