O clima dentro do apartamento de Ravi é denso como fumaça de pólvora antes do disparo. Jonathan está ali, sentado no sofá, firme, mas com o olhar perdido, como se cada segundo de espera fosse uma navalha. Ao fundo, o chiado suave da cafeteira quebra o silêncio, e o cheiro amargo do café recém passado tenta, em vão, acalmar os nervos expostos dos dois.
Ravi segura o celular entre os dedos, como se soubesse que, dali em diante, não haveria mais retorno. Respira fundo. Os olhos se encontram com os de Jonathan por um instante, e há um entendimento mudo ali, é agora ou nunca.
Ele gira os ombros, se afasta da bancada e toca no contato que importa.
Derick Horn.
A ligação toca duas vezes. Do outro lado da linha, uma voz rouca, ligeiramente desconfiada, atende.
— Fala.
— Derick... é sobre o bebê.
Ravi vai direto ao ponto, sem rodeios.
— Não dá mais para esperar. A gente tentou seguir pelo caminho certo. Pelas vias “legais”. Mas agora... mudou. Tudo mudou.
— O que mudou?
— Jonathan