Rui entra na sala da presidência do Grupo Schneider com o tipo de calma que só o desespero bem camuflado conhece. Terno alinhado, olhar firme, mãos nos bolsos como se carregassem chumbo, e não a ruína de tudo que acreditava sentir e ser. Jonathan levanta os olhos do tablet ao notar sua presença, mas algo na atmosfera muda antes mesmo da primeira palavra. Há algo errado. Muito errado.
— Rui? — Jonathan ergue as sobrancelhas, a expressão amistosa, mas atenta.
— Você agendou esse horário ontem à noite. Pensei que fosse sobre o caso Valente.
— Não é — responde o advogado, a voz seca como um galho prestes a se partir.
— Eu vim pedir férias. Duas. Uma vencida, outra que vence mês que vem. Preciso me afastar, Jonathan. Urgente.
O presidente fecha o tablet devagar, como quem sente o cheiro de pólvora antes do estouro.
— Férias? Agora? Justo agora? Você é o diretor jurídico. Tem processos em andamento, fusões prestes a serem revistas. E você me aparece aqui pedindo... licença?
Rui encara o a