A água quente escorre pelos ombros de Jonathan, mas não consegue apagar as cicatrizes invisíveis que carrega. Seus olhos se fecham e, por um segundo, ele deixa o mundo lá fora desaparecer. Respira fundo, como se sugasse coragem do próprio vapor. Lá fora, Marta prepara o jantar e Lua, a filha bebê que mudou tudo, ressona no bercinho. Mas dentro do peito dele arde outra chama: a do filho perdido. Jeff.
Ele está vivo? Está morto? Foi vendido? Está sofrendo? Está sorrindo? Ou… sequer existe?
Jonathan sai do banho com a respiração pesada, veste-se rapidamente e caminha até a cozinha. Marta o observa com atenção — há algo diferente em seu olhar. Menos frieza, mais presença.
— Marta — diz ele, com firmeza e ternura. — Agora sou seu. Daqui pra frente, inteiro. Não só em corpo, mas em alma. E pai… pai da Lua, sim. Mas também do Jeff. Eu vou trazê-lo de volta. Mesmo que tenha que cavar o inferno com as próprias mãos.
Ela se emociona, mas tenta se manter firme. Aquelas palavras não são vazias. P