O som da porta voltando a abrir é como um estalo no ar abafado do quarto. Cassandra mal teve tempo de respirar após o suplício dos curativos. A pele ainda pulsa, cada ferida lateja como se estivesse em brasa viva. O cheiro do antisséptico se mistura ao odor persistente de carne queimada.
David Lambertini entra com passos lentos, controlados. Sua presença é tão dominante que o ambiente parece diminuir ao redor dele. Não traz pressa, mas a calma perigosa de quem já sabe exatamente o que vai fazer.
Ele não fala de imediato. Fecha a porta, caminha até a cadeira ao lado da cama e senta-se com postura impecável. Seus olhos azuis a percorrem de cima a baixo, mas sem qualquer desejo ou piedade. Apenas análise.
— Acabei de receber alguns relatórios, diz, finalmente, a voz baixa, carregada de peso.
— E, pelo visto, a teia começa a se desenhar.
Cassandra tenta manter o olhar firme, mas o único olho que lhe resta treme.
— Descobri… ele continua, que você após ser demitida do grupo Schneider, se